O SINTET fez seus 25 anos, o Sindicato dos
Trabalhadores em Educação do Tocantins, realizou seu 10º Congresso entre
os dias 14, 15 e 16 de novembro, na Escola Municipal de Tempo Integral Padre
Josimo, em Palmas. Pela primeira vez em sua história, incluiu como pauta de
luta, a defesa dos interesses dos professores e da educação indígena, docentes índios e
não índios da rede estadual de ensino, seu sistema responsável.
Foto de Dhiogo Rezende. |
Em 2013, o
Tocantins que nasceu com a Constituição Federal de 1988, também comemora seus 25
anos de história. Pelos braços do sindicato de seus professores e seu despertar para um sindicalismo
indigenista, deu um abraço fraterno nas comunidades indígenas das sete etnias
registradas em território tocantinense, as que contam com escolas em parte de
suas aldeias, passam a ter apoio sindical por melhorias na educação. No topo do brasão do Estado do Tocantins, vê-se a frase em tupi: “Co yvy ore retama”, que significa em português “Esta terra é nossa”. Com o desenvolver de mais políticas públicas e da inclusão das minorias como a indígena em seu aprimoramento organizacional, frente a sociedade envolvente, esta frase tupi pode um dia fazer bem mais sentido.
Plenária do Congresso do SINTET no auditório da ETI Padre Josimo - Palmas (Foto de Cleber Borges) |
O pioneirismo da adesão
sindical indígena brotou na Paralisação Nacional da Educação que ocorreu
durante três dias de abril de 2013. Na cidade de Tocantinópolis, que abrange
parte do território indígena Apinayé, professores índios e parte da comunidade
indígena fizeram volume e trouxeram suas reivindicações junto aos protestos dos
professores não índios da educação da sociedade nacional. A participação indígena
junto ao SINTET Regional de Tocantinópolis foi reportada pelo EducAÇÃO BR. Veja
no link: http://educacaobr.blogspot.com.br/2013/04/professores-indigenas-na-paralisacao.html
Após palestra sobre o
histórico situacional da educação indígena no Brasil e no Tocantins coordenada pelo
Professor Dhiogo Rezende, sindicalizados montaram propostas de luta a serem
encampadas pelo sindicato, onze pontos foram para plenária do congresso e foram
todos aprovados sem destaque.
Equiparação de
direitos, condições de trabalho e salários, respeito aos direitos de igualdade
e diferença, representação oficial nas diretorias regionais assim como uma
cadeira na direção central (Palmas) do SINTET, são parte da pauta de luta
sindical em favor da educação indígena. O Tocantins conta com cerca de 300 professores
(índios e não índios) nas 92 escolas em comunidades indígenas que representam
uma população de mais de 13 mil habitantes de sete etnias. 5.540 alunos indígenas estão matriculados. Dados da PPEI
– SEDUC –TO 2013.
As escolas são cada vez
mais requisitadas por povos indígenas, buscam através delas um meio de reaver e
reavivar suas histórias e culturas. O direito a
uma educação diferenciada, bilíngue, que tenha um currículo com disciplinas e
conteúdos de interesse as comunidades indígenas, em suas particularidades, além
dos formais da sociedade nacional, é garantido na Constituição de 1988 e vem sendo regulamentado por meio da legislação.
Os
olhos e mentes indígenas veem e pensam educação de forma diferente, de modo
“antiaculturador”, como define Ferreira (2001, P.71): “Para os índios, a
educação é essencialmente distinta daquela praticada desde os tempos coloniais,
por missionários e representantes do governo. Os índios recorrem à educação
escolar, hoje em dia, como instrumento conceituado de luta.”.
Um grande avanço verificado no processo da educação indígena
é que a maioria dos professores são índios (GRUPIONI, [2005]), fato que emerge
das propostas e políticas que criaram cursos de formação de professores
indígenas, vagas para indígenas em universidades federais. Superando um modelo
jesuítico de educação, como vem acontecendo um protagonismo na área da saúde,
os povos indígenas vêm atentando para a importância da participação como
atores, agentes criadores, educadores autônomos nas escolas, fazendo-a de via
transformadora e positiva para a sustentabilidade e independência de seus
povos.
Em meio aos avanços, é preciso ter ciência das deficiências e
situações de exclusão na educação escolar indígena. Partindo do pressuposto de
que na educação não indígena, há grandes desassistências, descasos por parte do
poder público que descredenciam o sistema educacional brasileiro
internacionalmente, a situação das escolas indígenas está ainda mais aquém
dessa situação.
Referências:
GIANNINI,
Isabelle Vidal. A dimensão educativa do projeto de manejo socioambiental na
área indígena Xikrin do Cateté. In: SILVA, Aracy Lopes da; FERREIRA, Mariana
Kawall Leal. Antropologia,
história e educação: a
questão indígena e a escola. 2. ed. São Paulo: Global, 2001. p. 223-224.
GRUPIONI, Luis Doniseti
Benzi. Censo escolar indígena. Disponível em <http://pib.socioambiental.org/pt/c/politicas-indigenistas/educacao-escolar-indigena/censo-escola-indigena>
Acesso em 10 out. 2013.
GOMES, Dhiogo Rezende. Educação indígena no
Brasil e no Tocantins. Um breve histórico situacional. Caderno de tese e de apoio aos debates dos grupos no 10º Congresso do SINTET. Palmas. 2013.
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