quinta-feira, 30 de maio de 2013

Estudantes tocantinenses tiveram dias de deputados


Do educAÇÃO BR - Por Dhiogo Rezende.

Trata-se do Parlamento Jovem, uma iniciativa da Assembleia Legislativa do Tocantins viabilizada pelo projeto do Deputado Osires Damaso em parceria com a Secretaria Estadual de Educação, reuniu 24 jovens de várias cidades do estado que tiveram seus projetos de lei selecionados, garotos e garotas foram a Palmas viver entre os dias 15 e 17 de maio a rotina dos parlamentares da AL-TO.

Os jovens passaram três dias sobre vestimentas apropriadas, conheceram a estrutura física e os protocolos de funcionamento da casa, tiveram contato com os deputados e defenderam em plenário seus projetos de lei que tinham como eixos temáticos a educação; meio ambiente; defesa do consumidor; cultura; esporte; segurança pública e agricultura.

Os estudantes ficaram hospedados no Palace Hotel Turim com ônibus a disposição, saiam às 8 da manhã e regressavam às 18 horas, receberam um kit com caderno, canetas, a constituição do estado, o regimento interno da AL e do Jovem Parlamento, ainda um curso profissionalizante da Fundação Ulisses Guimarães oferecido pela Deputada Josi Nunes. 

A iniciativa do Governo do Estado busca incentivar a juventude a se expressar e participar das questões de seu universo político e social, reforçar o compromisso com a cidadania através da participação democrática que visa à melhoria das comunidades e da sociedade nas quais estes jovens se inserem.

Mesmo com o descrédito e toda sorte de criticas a nossa política nacional, a falta de credibilidade que o povo brasileiro tem, cada vez mais frequente e que cresce eleição a eleição, muito pelas atuações desabonadoras e condenáveis de muitos políticos do legislativo ou do executivo nos níveis municipal, estadual e federal, projetos como esse do Parlamento Jovem são deveras importantes, servem diretamente na formação cidadã, escolar e futuramente acadêmica destes estudantes, pois legislar coerentemente é um trabalho sério e complexo. 

O fato de termos péssimos exemplos na nossa vida política, não tira da casa de leis, da casa do povo, da democracia, da política, seus verdadeiros sentidos, suas essências, por mais que práticas ruins existam historicamente na política nacional, a democracia deve seguir e fortalecer com ela os valores necessários à vida social, voltada para o bem comum, assim estes jovens tem nessa oportunidade de acompanhar a vida parlamentar, a possibilidade de fazerem as devidas criticas e de levarem pensamentos, posicionamentos de práticas que podem fazer a diferença para eles e suas comunidades. 
Brenda Santiago, Lívia Salviano, Raquel Barbosa e Danilo de Melo - Secretário Estadual de Educação
Sobre a prática política que ultimamente são cotidianamente pintadas nas mídias com as cores fortes da corrupção, a generalização é sempre um erro, “Antes tinha a visão de que todos os deputados eram ladrões. Porém convivendo com eles, percebi que estava errada. Há uma pequena porcentagem, mas bem mínima mesmo que procura atender todos os anseios da população, principalmente as menos favorecidas.” Disse a jovem parlamentar Lívia Salviano.

Do Colégio Dom Orione de Tocantinópolis, destacado na região do Bico do Papagaio por exitosos resultados no Sistema de Avaliação do Tocantins, nas posições no ENEM e ganhador de algumas edições do Premio Gestão, saíram três estudantes para esta edição do Jovem Parlamentar. Lívia Salviano, Brenda Santiago e Raquel Barbosa representaram o colégio, Tocantinópolis e junto com Ian da Costa de Esperantina, deram voz ao Bico do Papagaio, de toda a região, eles foram os quatro dos 24 selecionados.
Estes estudantes dos 2ª e 3ª anos do ensino médio destacam-se em suas comunidades escolares e devem bem saber da realidade que passam suas cidades em uma das regiões mais carentes do Tocantins e do Brasil, vide as falhas ou mesmo ausência dos poderes públicos refletidos no IDH da região. 

Nessa perspectiva vemos a importância do Parlamento Jovem, da autocrítica da atuação do poder público estadual, os jovens parlamentares, despidos dos vícios partidários e da ânsia e cobiça por poder podem trabalhar melhor a consciência e a verdadeira funcionalidade do cargo de parlamentar, do quê se trata representar e respeitar o povo que coloca pessoas em seu lugar para falar e agir em seu nome e assim erguer boas e construtivas críticas ao nosso sistema político e social.

Os projetos defendidos pelos jovens deputados podem no futuro amadurecer e contribuírem para projetos de leis reais no futuro. Os jovens parlamentares do Bico, Lívia Salviano defendeu um projeto que versa sobre a lotação de psicólogos nas unidades escolares, a Brenda Santiago sobre a inserção das disciplinas de filosofia e sociologia no ensino fundamental, Raquel Barbosa defendeu a implantação de primeiros socorros nas redes públicas de ensino e o Ian da Costa sobre o descarte adequado de resíduos tóxicos e a ética na gestão ambiental.   



sábado, 11 de maio de 2013

Cola na Escola. Cola?


Do educAÇÃO BR

Muito da nossa escola atual, da pedagogia e didática modernas, se deve aos pensamentos de um checo chamado Jan Amos Komenský, ou Comenius que viveu no século XVI e XVII. Buscou nas suas ideias uma educação reformada que aproximasse valores morais e espirituais aos valores sociais e políticos, construindo uma ideia de educação universal e altruísta. Comenius é o pai da didática, do estudo do método de ensinar e por consequência de aprender. Para ele, a escola é o espaço principal da transformação social através da formação dos indivíduos que por ela devem passar e absorver o conhecimento universal e livre, preparando-os para vida em sociedade.

O pensamento de Jan Amos sobre educação colocou dentro da sistemática escolar a indissociável participação da família no processo pedagógico e a defesa de um ambiente escolar agradável e estruturado para as interelações entre educadores, educandos e conhecimento.
Sabendo desse maravilhoso pensamento e teoria coerente de fundamentos humanistas que se tornaram verdades em muitos discursos e demais teorias modernas da educação, ficamos até tristes em entender que nem todas as realidades e os fatores que as implicam não deixam muitas vezes o ideário comeniano acontecer.

A realidade brasileira não converge de fato com um processo de progresso sociocultural por meio da educação, apesar dos discursos e tentativas práticas, a nossa cultura não colabora com uma devida modernização escolar. A cola, expressão usada para designar meio contraventor de se adquirir respostas para perguntas presentes em avaliações, mostra um grande atraso se essa prática se mostrar não um mero aspecto, mas uma cultura.

Diante do crescer e prosperar de aspectos contraproducentes ou de desqualificação do conhecimento observados na vida escolar brasileira, que costuma sair muito mal nas fotos (ranking) da educação mundial, a cola é fator que se agiganta em uma expressão com status de prática cultural, muitos estudantes não sabem simplesmente viver sem ela, chega a ser quase um vicio, com direitos a métodos e sistemas para a "colinha" não faltar e nem falhar nas horas de precisão da vida escolar da maioria de nossos estudantes.

A cola é uma prática alimentada no descrédito do processo educativo como forma de realização da pessoa humana, nossa escola pública (a da maioria da população) não é um ambiente que denote atração e assimilação dos jovens em relação às ligações entre escola e futuro, muitos não enxergam de verdade a cola como um mal, alguns a veem como um mal necessário, poucos são os conscientes, que veem a cola como desonestidade, e na lógica simples como algo que não desenvolve, que não traz aprendizado, muito pelo contrário, é um combate mortal ao conhecimento. A cultura da cola não se resume as instituições de ensino público, está nas escolas da elite, no ensino superior público e privado, é nacional!
Mesa de uma sala do 3ª ano em Colégio Público
Vejamos como é intrigante a presença da cola em uma turma do 3ª ano do ensino médio de um colégio católico conveniado ao estado do Tocantins, por tanto uma escola pública, estudantes fizeram questão de gravar suas pretensões de futuro (médico, engenheiro, advogado, enfermeira, arquiteto) nas fardas que são especialmente criadas e confeccionadas para servir de identidade e também de status para garotos e garotas beirando os 18 anos, formandos do ensino médio, candidatos a vestibulares, ENEM e por consequência a vida profissional que deve iniciar nos primeiros períodos das faculdades que requerem toda a constituição escolar do indivíduo, desde a educação infantil.
Cola com informações para as provas de Sociologia, contendo informações sobre Karl Marx  e Durkheim
Nesta turma, todas as mesas, carteiras escolares são literalmente “suportes de cola”, fórmulas de física, química, matemática, trechos de conceitos ou ideias, fatos de história, sociologia, filosofia, geografia, impressionante constatar que são quase todas as bancas, mesas dos 3ª anos, de todas as salas de aula das outras turmas do ensino médio e fundamental, denotando uma verdadeira cultura da cola. 

Tanto é cultural que além das inovações das técnicas de colagem, usando os celulares (imagens e textos-mensagens), táticas de esconder pedaços de papeis, ou engabelar o professor para ver, ouvir, falar, pegar as respostas entre os colegas, quando pegos no flagra, criam justificativas, desculpas, defesas, ou simplesmente a mentalidade de que a cola não é nada grave e que é banal, como eles dizem: Todo mundo faz professor. Onde foi parar a lógica de que para saber responder perguntas, basta estudar e se preparar antes e sempre? A cola seria também um reflexo dessa geração Y-Z da era da informação digital pronta e acabada em um simples click de uma ferramenta de busca?

Que ideia de ética estes nossos futuros universitários e profissionais tem no final da sua formação básica? Da cola no ensino médio até a compra de artigos, monografias e plágios na academia. O processo de formação escolar é complexo, uma escola que não trabalha essa e outras questões no convívio escolar, está contribuindo para diversas problemáticas sociais no futuro, se como vimos no inicio deste texto, por Comenius, a escola é uma matriz para a sociedade, a nossa pode estar seriamente comprometida pela cultura da banalização e vulgarização da escola, da educação em nossa “didática magna”.

A cola na escola, talvez seja um mostruário da nossa sociedade em todos os níveis, principalmente na política nacional que é a geração cíclica de toda essa cultura, pois educação ruim, formação ruim, eleitores e eleitos ruins, mal formados, que pensam que colar ou roubar verbas públicas são coisas banais, pois no Brasil, “todo mundo faz”, desde os tempos de escola!