domingo, 10 de junho de 2012

A educação frente a conjuntura neoliberal



"a maturação ou não do processo educador será a chave que tanto abrirá como fechará portas dentro do desenvolvimento da humanidade.


A construção do pensamento através dos tempos definiu no nosso presente, caminhos e barreiras para posteridade, deixando a compreensão do futuro como a imagem refletida das mudanças paradigmáticas efetivadas na atualidade. A educação surge como, ou deve ser o núcleo agente das proposições que alteram as concepções na transição dos paradigmas tradicionais para os emergentes.

O paradigma tradicional se constitui no conjunto de concepções e práticas relativas ao modo de vida e produção da humanidade fundada na divisão social, edificando um sistema imperativo das desigualdades geradas pela exploração do capital, contrapondo este paradigma, surgem através do conflito natural e ideológico, concepções que tentam fazer correções através do entendimento da realidade construída para que essa sucumba diante de um mundo ideal formado no paradigma dito emergente.

As mudanças politicas, sociais, econômicas e culturais refletem nas práticas educacionais, o paradigma dominante passa por um processo de transição e de resistência na sua substituição pelo paradigma emergente em função de mudanças no contexto politico que agem de forma central na educação. Novas medidas precisam ser tomadas para que a educação não seja definida ao van gosto de um projeto neoliberal que inviabilize as necessárias transformações paradigmáticas emergentes.

Neste contexto neoliberal, o professor é vitima, mas também algoz, quando na posição de opressor, o educador pode não ter essa estirpe de forma consciente e assim, ser uma espécie de vitima produtora de outras vitimas. O educador dentro deste processo acaba sendo colocado como um missionário e não como um mero profissional, se tornando um alvo e ao mesmo tempo a flecha deste sistema de opressão. 

Observamos assim que as amarras do crescimento para um mundo ideal, pensado pelos subversivos a este sistema, existem e ainda são muito fortes e lutam obstinadamente contra as forças opositoras, essas que devem ou deveriam compor o papel do educador e principalmente dos gestores da educação, estes que na teoria e prática podem se agigantar frente às leis do mercado liberal nos trazendo o exemplo prático das tentativas fracassadas das ideologias comunistas e práticas socialistas que mais teceram um sonho do que uma realidade.

As mudanças aconteceram, mas o educador teve suas ferramentas travadas de tal forma que a escola não conseguiu desempenhar o papel de agente transformador da sociedade. Cursos são oferecidos, mas sobre as rédeas do poder político de modo tal que estes cursos não causam ascensão econômica.

Este tipo de atitude fez com que o ofício de professor não fosse nada convidativo devido a uma série de dificuldades que com o sistema neoliberal apenas se multiplicaram, e o professor, que na lógica devia exercer tantas outras funções (conselheiro, sacerdote, psicólogo), fica sendo apenas um cumpridor de expediente que se esforça por cumprir seu conteúdo programático. 

Após o fim da bipolarização, causado pela falta de maturidade e respeito à própria ideologia de “esquerda” como também pelos golpes deferidos pela “direita” na guerra fria, a nova ordem mundial agrediu quase mortalmente a utopia e os educadores que passaram pela crise como elementos que já compunham e ensaiavam a atualidade que passa por diversas dificuldades primeiramente de entendimento e compreensão dos graus de opressão e depois as deficiências de análise e efetiva posição critica pela indignação que possa gerar mudanças na ponte dos paradigmas tradicional e emergente. 

No contexto do neoliberalismo, podemos observar uma divisão entre os educadores no sistema público de ensino: escolas para formar mão-de-obra qualificada, como por exemplo, os colégios técnicos e militares, nos quais o profissional dentro da sua carga horária tem mais tempo para planejar suas aulas e se dedicar a pesquisa. Enquanto na educação básica regular os profissionais tem uma carga horária excessiva, além de uma considerável desvantagem na questão salarial.
Portanto as escolas públicas são divididas em escolas para formar mão de obra qualificada e mão de obra barata.

Dentro do que foi apresentado, percebe-se que para se estruturar realmente uma postura significativa e de resultados consistentes, o educador/gestor deve se perceber como agente transformador, e assim, poderá fugir da realidade apresentada pelo universo pontuado pela conjuntura neoliberal, e está realmente, mesmo que ainda incerto o seu papel na construção ou mesmo de conciliador de uma sociedade pautada nos novos paradigmas que se configuram nas expectativas do melhor mundo possível. 

Não podemos, no entanto, ver os novos paradigmas (emergentes), como única possibilidade, ou mesmo como livres dos velhos vícios que se perpetuam com outras configurações. Assim a educação e seus agentes por definição são elementos indispensáveis no estudo e na teorização que baseiam a formação de novas concepções, a maturação ou não do processo educador será a chave que tanto abrirá como fechará portas dentro do desenvolvimento da humanidade.  

Autores: 
Antônio Jadson Gomes, Antônio Valdemari, Dhiogo Rezende, Jorge Kitchell Pinheiro e Moisés Carvalho Costa.


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