domingo, 1 de abril de 2012

Educação pela ginga


Vamos jogar capoeira!

Projeto de capoeira vem fazendo a diferença entre a juventude local.

Do educAÇÃO BR

O berimbau toca. Os capoeiristas se reúnem em círculo ao seu redor. Após ser entoada uma ladainha, que pode ser uma exaltação à valentia do capoeira, um pedido de proteção ou um canto de lamento de um escravo com saudade de casa, dois adversários, ou “camarás”, como se diz na linguagem da luta, começam uma disputa de movimentos quase que coreografados. Um jogo de perguntas e respostas, de ataque e defesa, de ritmo e som. Isso é a capoeira.
 A teoria de que a capoeira foi desenvolvida por escravos há mais de 200 anos nas senzalas brasileiras é ainda a mais aceita por historiadores e estudiosos em geral. Estima-se que seja praticada por mais de 5 milhões de pessoas em todo o mundo. Graças à figura de Manoel dos Reis Machado, o mestre Bimba e Vicente Ferreira Pastinha, o mestre Pastinha, essa arte marcial que é um misto de dança e luta se difundiu pelo mundo, levando o legado brasileiro a países como Israel, Estados Unidos, França, Austrália e até China.
Mestre Bimba
Mestre Pastinha
Na cidade de Buriti do Tocantins existe o projeto Educamará, que difunde a capoeira e a sua filosofia de vida. Liderado pelo professor Marcos Vinicius da Cruz Andrade, professor da rede estadual de ensino, o projeto, que é voluntario, atende a alunos da Escola Vicente Carlos de Sousa e também da comunidade em geral. Atualmente com cerca de 20 alunos, são realizadas aulas três vezes por semana, onde os alunos aprendem os fundamentos da capoeira, a tocar os instrumentos, cantar músicas e o principal: aprendem a conviver bem com as outras pessoas. “Pratico capoeira desde os 12 anos e foi uma coisa que sempre gostei de fazer”, diz o professor Marcos. “Quando vim pra cá em 2008, vi muitos jovens e desestimulados na escola. Achei que a capoeira poderia ensiná-los algo, como me ensinou”, completou. Além dos treinos, os alunos assistem a palestras, filmes e documentários e quando possível, realizam apresentações em Buriti e outras cidades.
Treino na escola
Desde então, o projeto vem se desenvolvendo com ajuda das escolas em que o professor trabalhou. No entanto, os recursos são parcos e não atendem as demandas do projeto. “Temos vários alunos que não possuem uniformes e ainda não pudemos realizar um batizado” afirma o professor, referindo-se à cerimônia de graduação da capoeira. “Além disso, as aulas de instrumentos são raras, já que possuímos poucos. O apoio a esses tipos de projeto é praticamente inexistente.” Além da escola, as ações do projeto atendem alunos da Associação de Mulheres de Buriti.
 
              Mesmo com todas as dificuldades, o projeto vem gerando bons frutos. Um dos pontos fortes é a diminuição da reprovação e evasão escolar. “Os alunos que participam das aulas de capoeira têm se mostrado mais participativos e vem apresentando melhora no desempenho escolar.” O professor acredita no potencial da capoeira como agente transformador social. “Seria interessante ampliar as ações do projeto, para atender mais crianças e adolescentes da cidade. Afinal, a capoeira é para todos, pois promove disciplina, saúde e inclusão social.”
Roda na praça da cidade


Um comentário:

  1. Grande iniciativa, grande gesto do professor Marcos. Pena ainda não ter uma maior participação dos estudantes da cidade.

    Em alguns interiores do Brasil, essa atividade poderia ser muito procurada pela juventude, mas infelizmente os interesses são outros, são muitas vezes o interesse por nada, ou por algo bem superficial, que nada acrescenta na formação, entre outras coisas, é um ócio até inexplicável de uma juventude que nas cidades pequenas nada tem pra fazer e quando aparece nada fazem.

    Que a capoeira no Buriti do Tocantins um dia dê uma boa rasteira na preguiça e na incapacidade dos jovens serem aquilo que podem ser, desde façam alguma coisa, algo por eles mesmos.

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