quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Mais um dia parado por uma educação que não anda no Brasil.

Paralisação pela Educação no Tocantins: professores vão às ruas por melhorias no sistema educacional
Professores na paralização em frente a Diretoria de Ensino em Araguatins - TO

Do educAÇÃO BR - Por Marcos Vinicius
Fotos de Dhiogo Rezende.
Em um estado que se gaba por pagar um dos melhores salários do país na educação, supostamente esse tipo de evento não deveria se fazer necessário. Infelizmente, ainda existem governos que, em plena democracia, “brincam” de governar e cometem as maiores atrocidades quando o assunto é educação.

A propaganda que o governo faz é de que a educação é fundamental para o crescimento de um país. Ora, isso é fato. Porém, a prática se mostra completamente diferente: não há a devida valorização dos profissionais. Os professores recebem salários inadequados com o trabalho que exercem, não possuem as condições necessárias para desenvolverem um trabalho mais eficaz, é enorme a dificuldade de realizar especializações e cursos de formação continuada, além da falta de reconhecimento por parte da sociedade.
Ainda por cima, a ideia de que a profissão é uma missão e que somos os salvadores da pátria funciona como um argumento para governo e sociedade martirizarem e até desrespeitarem o docente. Há pouco tempo ouvimos o governador do Ceará afirmar que “professor tem que trabalhar por amor” e em seguida, utilizar a polícia para conter a manifestação da classe. Acima de tudo, o professor é um profissional como todos os outros, e trabalha para a construção de um país mais justo e igualitário.
Desse modo, nessa terça-feira aconteceu o que podemos considerar um marco histórico na educação do Tocantins: cerca de 200 professores e professoras das redes estadual e federal participaram da Paralisação pela Educação, promovida pelo Sintet – Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Tocantins e Sinasefe – Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação, em Araguatins.

Mesmo debaixo do sol beirando os 40°, os educadores não se acanharam: foram às ruas para reclamar do descaso do governo brasileiro, e em especial, tocantinense, tem com a educação. Ao som de músicas criticando as palavras de campanha de Dilma Roussef e aos gritos de “Trabalhador na Rua, governo a culpa é sua”, a marcha seguiu pelas principais vias da cidade, culminando em ato público realizado em frente à sede da Diretoria Regional de Ensino.

“Estamos em greve desde o dia 02 de agosto. Temos uma pauta com as reivindicações. Já tentamos conversar com o governo, mas eles simplesmente não querem nos receber”, disse Aline Correa, técnica administrativa do IFTO – Instituto Federal do Tocantins e assessora de comunicação do Sinasefe. “Queremos um reajuste salarial de 14%, mas a proposta do governo é de apenas 4%. Além do mais, queremos que as gratificações contem como salário, tendo em vista que, na aposentadoria do servidor, haverá uma redução muito grande de valores. Além disso, que essas melhorias sejam estendidas aos técnicos, o que o governo não aceita”, completou.
Carlos Furtado - Diretor de Políticas Sociais do SINTET

Um dos principais militantes do Sintet, Carlos de Lima Furtado, diretor de políticas Sociais, apresentou as propostas para os professores da rede estadual. “Temos colegas que tivera o salário reduzido por conta da diminuição de turmas”, afirmou. “Isso sem contar o absurdo que é tirar as horas de planejamento dos professores, sob pena de redução de salário. O argumento do governo é a necessidade de contenção de gastos” acrescentou Carlos. “Queremos que o governo cumpra a lei. O governo se propõe a pagar a data-base a partir de janeiro de 2012. Nós concordamos que seja paga em 4 parcelas, mas eles disseram que só pagam em 24 vezes. Isso é inaceitável. Desse modo, alguns companheiros vão receber R$10.”
Questionado sobre a possibilidade de greve, Carlos foi enfático. “Nós nos reuniremos em Assembleia em Palmas dia 25. Caso o governo não se manifeste, há uma grande possibilidade. Se o governo pretendia reestruturar a pasta, que esperasse até o ano que vem. Como estamos praticamente no final do ano letivo, isso atrapalhou muito as coisas” completou.
Estudantes do Instituto Federal de Araguatins - Sem Aulas.

No final das contas, os maiores prejudicados são os alunos. Lorran Marinho, estudante do curso de computação do IFTO – Araguatins, ressaltou: “Não acho que os professores estejam errados. Já estamos há quase 3 meses sem aula e nem assim o governo se sensibiliza” comentou. ”A gente vê no jornal falando que as empresas só contratam quem tem qualificação. A gente quer estudar, quer se preparar para entrar no mercado de trabalho” acrescentou, indignado.

Referências da matéria:

Um comentário:

  1. Ótimo texto do mais novo reporter do educAÇÃO BR. Parabens Marcos Vinicius pela bela matéria.

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