Hoje tirei o dia para fazer
faxina, na casa só eu, a mãe, Cora que ainda está na barriga e Florbela estão de
férias, na minha espera enquanto ainda não me livro do trabalho. O pai em casa
sozinho, caçando tarefas, exercícios de uma personalidade que se organiza na
bagunça pessoal. Metódico doméstico, a ordem do dia é varrer, aspirar, arrastar
móveis, aproveitar a rara disposição e o fato da grávida não está no recinto e
pintar o quarto do bebê que virá em abril e a provisória única pequena
exploradora e inquieta da casa não está para atrapalhar.
Eis que no meio da
estafante tarefa de pintar as paredes cheias de riscos, rabiscos, formas
estranhas e coloridas, ao terminar o quarto da Cora que ainda não nasceu, me
deparo com outro desenho, desta vez na sala de jantar. Um Florbelaaaaaa bem
alto soa na minha mente carrancuda e ignorante do mundo das crianças que um dia
já foi meu e de todos adultos.
Provavelmente, se ela
estivesse em casa, reclamaria, seria grosso, mostraria a coisa errada e feia
que ela fez com ar educativo e realista de quem sabe o que é certo e errado.
Mas a solidão da casa deixa brechas para reflexões, tornando-me um filosofo de fim
de semana, me permiti olhar melhor o desenho e iniciei minha aula, com a
professora Florbela ausente.
A Autora
O desenho me ensinou
primeiramente que é uma dádiva ter crianças em casa, aquela menininha de grafite só está ali por existir outra na casa, de carne e osso, depois, que a
matéria do concreto é pobre com apenas a mais cara das tintas e sem as marcas
da existência desses pequenos seres encantadores de paredes. Mostrou-me que
arte é a atividade que os adultos fazem para voltar a ser crianças, uma aula do
que é expressão livre e resistente diante das normas paternais.
Uma verdadeira obra de
arte, a qual não apagarei, servirá para mais aulas, revisões, e quem sabe um
dia, para ela mesma lembrar-se de sua alma livre de criança, é também um
manifesto reflexivo sobre quantos pais e filhos não podem ter a ampla liberdade
do amor, fazer da casa um ateliê do mundo melhor, possível ao menos na sala de
jantar.
O Código Florbela me
levou a verdade da não verdade, de que tudo é tudo e nada ao mesmo tempo, de
que estamos sempre sendo, nem fomos, nem seremos, sempre estamos sendo, podemos
ser crianças, adultos e velhos ao mesmo tempo, o que importa é viver o que se
é, do jeito que é, mas sendo e deixando ser, nós e os outros. Um desenho da
vontade de potencia, de uma menina que um dia será uma mulher e eu, um velho
avô que tentará em meio a erros e acertos, lembrar desses dias de arte
ativamente, sem ressentimentos travadores da boa limpeza da memória que precisa
nos deixar ser o que somos no presente atual e em todos ainda pela frente, os
que alguns chamam de futuro.
A pequena nietzschiana
sem saber me deu uma aula de filosofia prática, sobre o belo que é tudo aquilo
que é feito pelo ser em sua essência, sem pretensões, sem idealismos, sem
niilismos, apenas a vontade, um lápis, a parede a sua frente, o ato humano cru
e fiel a vontade de realidade.
Na volta das férias
vamos conversar e filosofar mais sobre sua arte e este texto gravado na nuvem
da internet servirá de lousa para quem sabe, o aperfeiçoamento da pequena
artista mais tarde, de quanto ela foi responsável pela melhora do pai, doente
na falta de mais “amor fati”, preso a casa ideal no mundo platônico e por
tabela, uma base para irmã mais nova que ainda está presa no amor amniótico e
umbilical da mãe, mas ganhará em meses a oportunidade de se aventurar na
imensidão dessa jornada do real, sendo tudo e nada a cada momento. Foi preciso ficar sem elas em casa para aprender tudo isso, resumir que sem suas "danadisses" do jardim feminino, eu nem teria chão e nem teto, nada para chamar de lar. Obrigado a
pequena estrela bailarina que diante de um aparente caos de manchas e rabiscos
na parede, pode dançar livre, leve e solta pela casa e pelo mundo. (Paráfrase
de Nietzsche)
1ª Turma do Mestrado Profissional em Ensino de História - Universidade Federal do Tocantins (UFT). Aprovados no exame nacional 2014 coordenado pela UFRJ. As aulas iniciaram em agosto de 2014, a duração do curso é de 2 anos. A maioria da turma divide as aulas e leituras do mestrado com suas cargas horárias na educação pública e privada, alguns já entraram com pedido de afastamento desde agosto e até a data da matéria não lhes foram concedidas. (Na foto, os 15 mestrandos e o Profº Dr Vasní de Almeida - último da direita)
Profissão professor,
“profissão perigo”. Pode parecer exagero, mas esta expressão que inicia este
texto, quando se vai ao fundo da educação no Brasil, não precisa ir tão as
profundezas assim para que o termo “perigo” faça algum (muito) sentido. É um
trabalho de extrema periculosidade, corre-se grande risco de sofrimento,
padecimento físico, mental e moral caso a sua profissão seja a de “Mestre”.
Basta uma breve busca
na internet e choverá na tela do seu computador matérias de casos de agressão
aos professores, greves por melhores condições de salários e de trabalho, uma
onda de judiação com direito a “cozinha” dos políticos, gestores que jogam no
caldeirão ingredientes da importância primordial que a educação precede em
qualquer projeto de sociedade, lasquinhas de “blá, blá, blá junto com
condimentos apimentados nas ardilosas colocações como um ou mais governadores
salpicaram em frases que descascadas, é algo mais ou menos como: “professor tem
que ensinar por amor e não por salário”.
Mestre é quem tem
mestrado e doutor é quem tem doutorado. Enquanto alguém que veste branco ou usa
gravata é “doutor” sem formação stricto sensu e sem nenhum esforço quanto a tal
reconhecimento, o professor tem que suar por duas ou mais vidas e se
multiplicar entre sua carga horária estafante e “perigosa” para prosseguir no caminho
severo de sua formação. Quando e olhe lá, além de “tio”, o “profi” leva o nome
de “Mestre”, além de ser em certos eventos como no Dia do Professor, não soa
como o título do doutor “adEvogado”, parece um “tapinha nas costas” e apenas frase de efeito colorida e pronta para cartões: “ao mestre com carinho”, uma
forma de aliviar o ego tão massacrado deste profissional brasileiro.
Um mestre cujos discípulos
não querem se tornar, o professor brasileiro segue atônito e refém da esperança
de que um dia a educação e a valorização docente saltarão dos discursos e palanques e cairão no
chão das salas de aula deste imenso Brasil. Espera que eterniza-se dada também a
falta de politização e organização sobre as bases de uma consciência social, de
classe da qual Marx já gritava manifestadamente em seus escritos como um dos fundamentos para transformação social diante do sistema
de opressão dos trabalhadores no século XIX. Em meio aos sindicatos pelegos ou
simplesmente mortos, os trabalhadores da educação alimentam nos bastidores de
qualquer greve (nas suas edições anuais) o chavão: “professor é raça desunida”.
Melhorar a qualidade da
formação dos professores é um dos maiores desafios educacionais do Brasil hoje
e, para especialistas, as metas e estratégias do Plano Nacional de Educação
(PNE) são essenciais para o pleno desenvolvimento da área. Plano este que foi
aprovado com um atraso de uns 3 anos. O censo escolar mostra que menos de 30%
dos professores possuíam pós-graduação em 2001, número que não se alterou muito
até 2014. Havendo sim crescimento de títulos de mestrado e doutorado no Brasil
como revela reportagem do Estadão, estas titulações aumentaram em 15 anos
(1996-2011) 312%, onde do total de mestres formados, que era 13,3% em 1996, pulou para 22,4% em 2009, 40% estão na área da educação (básica ou superior).
(fonte: http://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,brasil-quadruplica-numero-de-mestres-e-doutores-imp-,1024725)
Sabe-se que como nas
graduações, há também nas especializações (latos sensu) um mercado de
certificações com cursos em períodos curtos, com aulas nos finais de semana, à
distância, justificadas nas dificuldades dos professores em suas cargas
horárias enormes, servindo de impedimento para sua formação em nível de
pós-graduação, existindo instituições nas esquinas que se abastecem dessa carência
cobrando quaisquer R$ 99,90 de mensalidade.
Fazer mestrado para
muitos professores da educação básica é um sonho quase impossível, a
impossibilidade eles deixam para um doutorado mesmo. “Considerando-se apenas mestrado e doutorado, vemos
que o percentual de professores com este grau de formação, na melhor das
hipóteses, não chega a 1% para os professores da 4ª série; 2%, para os professores
da 8ª e 5%, para os professores da 3ª série do Ensino Médio.” (MEC-INEP 2001).
Há inúmeras dificuldades
quase intransponíveis, é preciso muito força de vontade e evidentemente preparo
já que as seleções são difíceis, ainda mais para quem está afastado das atualidades
e dos graus de leitura tão comuns na academia. Quando se consegue passar nos
processos seletivos, os professores enfrentam a burocracia e a falta de
incentivo e vontade política das administrações públicas onde o mesmo está
lotado, na liberação de afastamentos (previstos em lei) para aprimoramento e
aperfeiçoamento profissional. No caso de servidores públicos concursados,
quando o docente é contrato ou está na educação básica particular, as
dificuldades são ainda maiores.
Parece que há um receio
ou uma constatação de que quando professores obtêm titulo de Mestre, deixam a
educação básica e procuram o ensino superior para lecionar, por isso certa
barreira em liberá-los para o mestrado. Evidente que a razão para tal fato
reside na vida, na carreira desse professor da educação básica, em certos casos,
considerada um inferno, onde a fuga para o “céu da educação superior” passa a
ser um objetivo de vida, ou ainda, um sonho. Uma realização mais pessoal e intelectual do que financeira, pois a remuneração do professor da educação básica com nível de mestrado e até de doutorado, na maioria dos sistemas de ensino é irrisória diante da turbulência que a maioria dos professores mestrandos passam para enfim poderem ser chamados de Mestres após as defesas de dissertação.
Mesmo com uma paisagem
ainda nebulosa, a melhoria na qualidade da formação dos professores vem se apresentando
nas concessões de bolsas para professores de escolas públicas e na aposta da
CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior) nos
mestrados profissionais nas áreas de licenciatura, a exemplo dos mestrados em
rede nacional profletras, profmat e profhistória que estão se espalhando por universidades federais de todo país.
Contudo, é deveras
importante que o professor, o que tem vocação, sobretudo, espírito para tão
honrosa, mas tão desvalorizada profissão, não desistir, nem cair na depreciação
voluntária da própria carreira ou classe, pois parece que é isto que certos
setores, certas pessoas querem, a falência da educação básica, responsável pela
formação da grande massa, filhos de trabalhadores, de gente simples, que merece
na prática o que parece teoria na constituição, uma educação pública, gratuita
e de qualidade.
#Não vai ter COPA? Sempre teremos copa, tomara que sempre eleições. Democracia real, cidadania, consciência, educação de qualidade, já passou da hora de termos também.
Do educAÇÃO BR.
A mesma pessoa que disse que a “seleção
brasileira é a pátria de chuteiras” também disse que “das coisas menos
importantes o futebol é a mais importante”. O autor destas frases é tido como
um dos mais influentes dramaturgos do país, um dos nossos gênios das letras. Nelson
Rodrigues, jornalista e escritor, era apaixonado por futebol, como 9,9 entre 10
brasileiros.
Quando o Brasil foi tricampeão em
70 no México, éramos 90 milhões em ação, empurrando o Brasil, salve a seleção.
Nesta década o país registrava taxas de quase 30% de analfabetismo da população
(IBGE. PNAD. 1977). Somos mais de 200 milhões agora, de lá para cá, ganhamos
mais dois títulos mundiais (1994 e 2002), podemos ser hexa na nossa segunda
copa em casa.
Segundo a (PNAD. 2011), a taxa de
analfabetismo entre pessoas com 15 anos ou mais no Brasil estava em 8,6%,
totalizando 12,9 milhões de brasileiros, o Brasil ocupava a 8ª posição entre os
dez países com maior número de analfabetos do mundo. Quando se trata de
analfabetismo, refere-se a pessoas que não sabem escrever ou ler um bilhete
simples, entre os considerados “alfabetizados” no Brasil, temos índices altíssimos
de pessoas que até sabem ler e escrever, mas não desenvolvem raciocínios simples sobre conteúdos igualmente simples.
Segundo o Relatório de Monitoramento Global
Educação para Todos. Nenhum dos seis objetivos estabelecidos pela ONU para a
Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) será cumprido globalmente até 2015. 22%
dos alunos brasileiros saem da escola sem capacidades básicas de leitura e 39%
não têm conhecimentos mínimos de matemática como as quatro operações.
Em ranking, divulgado em 2012
pela Pearson Internacional, O Brasil ficou na penúltima posição em um índice
comparativo de desempenho educacional feito com dados de 40 países. Avançamos
muito da década de 30 para cá, década em que o ensino primário gratuito começou
a ser instituído na Constituição de 1934. De 70 em diante, nossos índices melhoraram,
mas não são suficientes em número e muito menos em qualidade. O que acaba nos deixando atrás de dezenas de países que trataram da questão de forma diferente.
Na Copa da educação, estamos
sempre na lanterninha, parece que há uma inversão, os países que estão em
primeiro lugar na educação, Finlândia, Coréia do Sul, não tem tradição no jogo de bola mais famoso do mundo, enquanto o
Brasil é um gigante do futebol mundial. Opa! Mas não é bem assim, existem
países que tem bons níveis educacionais e são competitivos com suas seleções como a Alemanha,
Itália, França, Holanda, Espanha. Os E.U.A são pernas de pau (exceto no feminino), mas com a China papam as medalhas de ouro das Olimpíadas.
Estes países, não são tão vitoriosos
no futebol como o Brasil, mas fazem funcionar melhor seu sistema, não investem no futebol,
investem na educação global de suas nações, o que insere a educação física, esportiva, a cultura corporal e mental que geram
atletas que após a curta carreira de esportistas representando seus países, podem desenvolver outras atividades, dentro ou fora do esporte, pois a maioria
é de estudantes-atletas ou vice e versa, a exemplo da UCLA (Los Angeles) que
cria grande parte dos medalhistas olímpicos.
Sempre ouvimos, o brasileiro é antes de tudo um forte, é capaz, não desiste nunca, temos muitos talentos nas artes, no esporte, mas parece que os próprios brasileiros esquecem-se
disso e assim não conseguem fazer os representantes nos poderes legislativo e
executivo entender que existe material humano, mas que este necessita de
lapidação, um povo carente de seus serviços públicos básicos, anestesiados e enclausurados em sua própria ignorância secular, sofrendo de inanição política.
A partir de 70, o Brasil viveu
nebulosamente o auge dos anos de chumbo (1964-1985), a Copa do México e a
conquista da taça roubada foram usadas propagandisticamente na luta dos
militares contra a subversão dos grupos armados que queriam um país diferente. O povo embebido pela magia do futebol
mordia a isca do “ame-o ou deixe-o”. Amar um país tricampeão mundial não era difícil,
a seleção canarinho era a boa pátria, um regime torturador, assassino, que
ocultava corpos em nome da ordem e do progresso de um país pra frente não
passava de histórias ruins de ouvir ou falsas verdades. Melhor e confortável era se ligar na Copa e no Pelé.
Dessa vez a copa não será na Suécia (1958), Chile (1962) no México (1970),
nos Estados Unidos (1994), nem na Coréia ou Japão (2002), destes países em que o Brasil sagrou-se campeão, só o México está atrás do Brasil no último ranking da educação, de 40 países avaliados, ficamos em 38º, na frente de México e Indonésia (BBC BRASIL. 2014). Assistiremos aos jogos em casa,
pela TV, ingresso ficou para turista e para brasileiros que podem, os mais de 30 bilhões (nossos) "emprestados" para a "festa do futebol" pelo
governo não deram cadeiras cativas aos mais humildes da nação. A Copa mais cara
da história também dará o maior lucro para FIFA, instituição privada com sede na Suíça, contemplada com a inédita isenção total
de impostos, enquanto os brasileiros normais, trabalham cinco meses por ano só para pagar
impostos elevadíssimos que fazem o Brasil ser também um campeão tributário mundial.
Sabemos que essa copa que nos
custou muito caro, podendo custar muito mais, tem obras prometidas há seis anos que só ficarão prontas (se
ficarem) em 2015, 16, 17... Já estamos acostumados, o que são atrasos ou falhas
ali acolá para obras padrão FIFA, diante das escolas, hospitais, transportes,
estradas padrão Brasil?
O Brasil pode sim ser HEXA, o
povo vai ficar feliz, felizes o povo, as grandes empresas, a FIFA, os milionários jogadores residentes na Europa. Se vivêssemos
o famoso clima de copa nas vésperas das provas bimestrais de nossos filhos, nas
provas do ENEM, talvez fossemos campeões de algo que nos levaria a lugares bem mais altos, cresceríamos com isso e para isso. Já repararam quanto da porcentagem da programação de
tudo (TV, rádio, internet) é sobre a copa desde meses atrás? É muita pressão para que entremos nesse clima.
A educação de qualidade pode nos
dar conquistas não efêmeras, as copas assim como as eleições são de 4 em 4
anos, poderíamos pensar na segunda com seriedade e com o mesmo amor pelo país que temos pela seleção, desde que ela ganhe, com isso somos exigentes e chatos, já com nossos parlamentares e as bolas fora que eles dão...
Não precisamos deixar de ser campeões no futebol, não precisamos esterilizar este elemento de nossa identidade,
mas não temos que continuar mandando a mensagem clara e altamente absorvível para
nossos jovens, de que a educação, a escola é secundária, que na tradução juvenil quer dizer que ser NEYMAR é o sonho a ser buscado, e se não alcançado como em 99% das
vezes, vale continuar reproduzindo esse tipo de visão de sucesso, de Brasil para as próximas gerações. Precisamos neymalizar, fredalizar ou daviluizar nossos professores, policiais (sérios e honestos), médicos, enfermeiros, motoristas, etc. #Não
vai ter COPA? Sempre teremos copa, tomara que sempre eleições. Democracia real,
cidadania, consciência, educação de qualidade, já passou da hora de termos também.
Atentos aos ABUSOS e as violações dos direitos da EDUCAÇÃO, o educAÇÃO BR (http://educacaobr.blogspot.com.br/) promove na internet, nas redes sociais esta campanha que visa marcar no tempo que falta até as eleições de outubro de 2014, o desfavorecimento e repúdio aos políticos que mostraram nos últimos 4 anos e ainda continuam demostrando total descaso com os sistemas públicos de ensino. Em pleno ano eleitoral, muitas greves eclodem no Brasil, como em anos anteriores, políticos do executivo e do legislativo não demonstram preocupação em resolver estas crises que nascem do próprio sistema político. A exemplo da greve da Rede Pública Estadual do Tocantins, que já dura 24 dias e até agora, as autoridades nada resolveram em relação a pauta dos professores, que entre inúmeros pontos, reivindicam, repasses atrasados as escolas desde 2013, pagamento de progressões salariais, pagamentos de salários do professores contratados, melhorias estruturais, fim da intervenção política nas escolas com eleição para diretores. Pontos que com muito custo, foram amarrados em um projeto de lei que aguarda somente a aprovação dos deputados, mas parece que assim como o executivo, estes políticos não querem fazer, nem em ano eleitoral, o que tiveram 4 anos para cumprir. Enquanto a greve é heroicamente mantida, professores são ameaçados com corte de ponto, multas ao sindicato pelo governo e até por deputados que estranhamente pedem primeiro o fim da greve, para que só depois a lei com a pauta da categoria seja aprovada na Assembleia Legislativa. Sem motivos nenhum para acreditar nas palavras dos parlamentares e do governo, os professores tocantinenses dizem que só voltarão as salas de aulas, com a responsabilidade de repor os dias parados, quando os deputados transformarem suas reivindicações em lei. Os professores afirmam que neles, os políticos e a população podem confiar, já o contrário, é impossível.
A proposta da campanha é que no Tocantins e em outros lugares do Brasil, onde a educação também não é prioridade, através de fotos jogadas nas redes sociais, os participantes (cada um deles) façam o exercício de converter os dias de greve em números de votos CONTRA os parlamentares, governadores, e presidenciáveis, não comprometidos com a educação pública.
Atividade da greve da Rede Estadual de Ensino. Manhã do dia 02 de abril - SINTET - Tocantinópolis - TO (Foto: Dhiogo Rezende)
Do educAÇÃO BR Há muito tempo que ela agonizava na UTI, sobre os cuidados da SAÚDE, sua irmã, em uma unidade do SUS, a EDUCAÇÃO pública do Brasil chegou ao seu triste fim. Não resistiu aos inúmeros ferimentos, fraturas expostas do seu sistema,
sem estrutura, sem tecnologia, sem material humano, com índices internacionais
alarmantes, sua falência pode ser sabida em todo o mundo. Os sistemas
educacionais de países como Coreia do Sul, Finlândia, China, lamentaram e
manifestaram seus pesares em notas como esta: É uma pena, um país tão promissor
como o Brasil, com uma economia entre as mais pujantes do globo. A educação
brasileira, se estivesse saudável, poderia ser uma grande parceira com intercâmbios
e produção de conhecimento e tecnologia, nossas condolências aos brasileiros, filhos
da educação que agora estão órfãos. (Ministro da Educação Finlandesa)
Vídeo do "enterro da educação" Tocantinópolis - TO (Imagens: Dhiogo Rezende)
A imprensa vinha constantemente
noticiando a respeito dos boletins médicos do grave estado da educação brasileira.
Veja algumas noticias:
Seria o fim então da esperança? Nem todos os
brasileiros, ainda em sua maioria não compreendem essa questão, pois o que
poderia lhes fazer entender esta situação é justamente aquilo que está sendo
sepultada, a educação. Sem ela não se sabe, não se sente, não se vê nada, NÃO SE PODE NEM ENTENDER ESTE TEXTO. Sem educação
de qualidade o povo fica cego, surdo e mudo, somos então mortos sem ela e quando
ela morre, o que somos? Nem mais mortos, somos então nada, sem história, sem memória,
sem conhecimento, sem valores e virtudes.
O inicio da matéria é carregado de licença poética, uma brincadeira bem séria do nosso Blog. No entanto a tal morte acontece. A morte da educação é uma
morte diferente, acontece todos os dias neste país, nas cidades pequenas, nas
médias, nas capitais. Governos e seus políticos a matam todos os dias de inanição,
governos ditadores ou falsos democráticos a colocam no pau de arara, a torturam
até a morte diariamente.
Entrevista do Presidente do SINTET - Tocantinópolis Cléber Borges sobre o ato "Enterro da Educação". Fonte Tocnoticias.
No Tocantins,
professores em greve desde 24 de março, fizeram a titulo de ilustração
carregada de simbolismo a realidade da educação no Estado e no Brasil,
enterraram a educação que já estava em alto grau de decomposição. Neste tipo de
crime, os assassinos só podem ser punidos pelo povo, este tem a oportunidade de
abrir inquérito a cada 4 anos e com o titulo de eleitor, punir severamente os
algozes do povo, os assassinos da educação, tirando-os do convívio sócio político
nas prefeituras, governos de estado e presidência.
Do EducaAÇÃO BR. (Fotos e texto de Dhiogo Rezende) Já faz um bom tempo que
este grito, bradado pelos professores do Brasil inteiro vem ecoando, cada vez
mais alto e bom som. Há alguns anos também que órgãos e entidades como a CNTE
organizam e apoiam eventos e movimentos como a Paralisação Nacional da
Educação, reunindo professores de todas as regiões do país na luta por
qualidade na educação pública. Na pauta nacional, estão além da valorização da
carreira docente, o que passa pelo respeito à lei do piso, ainda descumprida em
vários sistemas municipais e estaduais de educação, 10% do PIB para educação,
uso dos royalties do petróleo como investimento no setor e a votação imediata
do Plano Nacional de Educação, já bem atrasado, assim como suas metas.
No embalo da
paralisação (17, 18 e 19 de março de 2014) surgem os primeiros movimentos de
greve por tempo indeterminado no país.
No dia 18 de março, os
educadores do Tocantins, em estado de greve desde novembro de 2013, com uma
extensa pauta de reivindicações que se arrasta em negociações com a atual
gestão do governo do Estado desde a sua posse, quatro anos atrás, deflagraram
greve por tempo indeterminado.
Na assembleia geral dos
professores da rede estadual do Tocantins, organizada pelo SINTET em Palmas,
educadores de todas as regiões do Estado compareceram e em muitas das falas ao
microfone, era evidente o descontentamento e o total desgaste da categoria com o
atual governo. Depois de inúmeras reuniões desmarcadas pela gestão, somente no dia 17, anterior a assembleia, o governo chamou o sindicato para conversar e mais uma vez fez promessas de empenho, e mesmo assim, com ressalvas sobre pautas obstruídas desde 2012. O sindicato pôs em assembleia a postura de "banho Maria" do governo, sendo totalmente repelida pelos professores.
Por unanimidade, a greve foi deflagrada.
Pautas antigas foram mais uma vez fortemente revividas, como a equiparação salarial entre professores normalistas e os da educação básica. Os primeiros realizam o mesmo trabalho em sala de
aula que os demais professores e recebem salários bem menores, tudo por uma questão
de nomenclatura do cargo. Constando com destaque na pauta a aprovação do plano de cargos e carreiras com revisões
que atendam e valorizem os profissionais, o pagamento da data base que há tempos é motivo de angustia dos professores quanto a sua saúde financeira, que tem seus salários engolidos pela inflação ano a ano.
A vergonhosa realidade
na falta de repasses financeiros as escolas que desde 2013 enfrentam problemas
com credores em suas dividas, sem verba para atividades básicas, de material didático
até a falta de merenda, contas de água e energia atrasadas e com riscos de
cortes.
Presidente da Regional de Tocantinópolis, Cléber Borges. Regional que conta com 100% das escolas estaduais paradas.
Calotes do governo!
O descaso com mais de
400 professores contratados (e suas famílias) que desde o ano passado não
recebem seus acertos (até antes da paralisação), já que é prática do governo demiti-los antes do ano
letivo acabar e readmiti-los depois que as aulas iniciam, o que causa transtornos
nas escolas e prejuízo aos estudantes, tudo para diminuir custos com 13%,
férias, etc, como também não receberam ainda o mês de fevereiro, tendo previsão
de pagamento só em abril ou maio.
Situações atestadoras
de uma realidade que contrasta com as propagandas do governo, que mostram em
cores e tons vibrantes, que a educação tocantinense avança firme e forte, "efeitos pirotécnicos" que
sempre tendem a aumentar em anos eleitorais.
Politicagem com a educação e assalto a previdência dos trabalhadores.
Somadas todas as reivindicações
que amargam a educação no Tocantins, sendo motivo de tristeza pelos que dela dependem e a fazem no cotidiano das escolas, há uma que infelizmente faz parte de todo
o nosso sistema político nacional. É também motivo de luta, a eleição de
diretores e o fim da intervenção política e partidária nas escolas, onde políticos indicam
quem entra e quem sai das unidades, visando claramente conchavos e acordos políticos-eleitorais
em detrimento da qualidade de ensino e aprendizagem. Política (gem) que
apodrece as instituições e lesa os direitos dos trabalhadores.
Sendo um dos
pontos mais discutidos e temidos pelos professores, principalmente aqueles que
estão prestes a se aposentar, a falência do sistema previdenciário dos
funcionários públicos do Tocantins (IGEPREV-TO), que segundo apurações preliminares, está com
um rombo de mais de 150 milhões de reais. Fato que ainda não é muito sabido pelos tocantinenses e nem debatido entre os deputados na câmara estadual. Só agora, por pressões do Sindicato dos professores, sondam, ainda sem muita definição, a instalação de uma CPI na casa. Professores saem do sol e do calor, costumeiro em seus ambientes de trabalho, e ocupam a refrigerada Secretaria de Educação.
Dentro da SEDUC - TO. Na frente do gabinete da secretária trancado, o Presidente do SINTET, José Roque e a multidão de educadores.
Assim, além de tudo,
ainda mais essa, para os professores que adoecem ano após ano neste árduo trabalho
de educar os jovens deste país, terem tantas dificuldades para se aposentarem,
e a sua sobrevivência depois de 30, 35 anos de serviços prestados terem essa
tamanha ameaça de não terem sua aposentadoria integral, fruto dos seus anos de
contribuição, dinheiro do trabalhador que é usado inescrupulosamente por aqueles que
em épocas de campanha, na TV, em rádios, em jornais e papeis bonitos, esbravejam que são
AMIGOS DO POVO, preocupados com os professores e a educação.
Assim, faz-se a
pergunta, professores nas ruas, ao invés de estarem em salas de aula
trabalhando dignamente pelo futuro de milhões de jovens, é ou não é culpa
daqueles que administram este país?
Aparelho Repressor
Enquanto o trio elétrico estava posicionado em frente a SEDUC, centenas de professores expostos ao sol escaldante de Palmas, se concentravam na entrada do prédio público para ouvir e falar as mazelas da educação e de suas profissões, um fotografo surge de uma das janelas da secretaria, focava sua câmera estrategicamente nos lideres da manifestação. Alguns sindicalistas mais experientes, dizem que esta prática é antiga, as fotos dos lideres são depois analisadas para possíveis identificações, para que estas lideranças sejam incluídas em uma "lista negra" do Estado. Apoio dos estudantes a greve de seus professores.
Estudante secundarista de Palmas, junta-se aos professores e vestindo a camisa "Operação: Respeito ao Educador", desabafa e critica a forma com a qual sua escola e a educação do seu Estado é tratada pelos governantes.
Do educAÇÃO BR. Desde o inicio de
fevereiro de 2014, estudantes brasileiros matriculadas na educação básica, de
instituições públicas e privadas, voltaram. Voltar a estudar, a frequentar as
aulas no Brasil, não necessariamente quer dizer que as aulas voltaram. Se
entendermos “aulas” como abrangência de um sistema educacional preparado e
sólido para assim definirmos “aulas” como uma espécie de bem (serviço) acabado
e pronto para devida aplicação e desenvolvimento.
Sabemos que no
Brasil não é assim que a banda toca, ao menos não antes do trio elétrico passar. Nas privadas, boa parte delas, partindo dos discentes que por suas vez influenciam parte dos docentes ou vice e versa, as faltas, atrasos, molezas de
ambos os corpos, as aulas só voltam mesmo, de fato, após o carnaval, assim como
é o regresso de muitas outras atividades neste “país tropical e abençoado por deus”.
Mas quando se trata de educação pública, serviço prestado a população, de
responsabilidade dos poderes públicos, a coisa pode ficar bem mais complicada, um samba sem nota alguma.
Primeiro: as
prefeituras e estados não tem o costume “republicano” e constitucional de
fazerem concursos públicos, a população também não tem o hábito de reclamar ou
denunciar no ministério público, que por sua vez, não tem estrutura humana ou
técnica administrativa para fazer cumprir a lei. Resultado, as escolas são sim
cabides de emprego, aliás, são varais, levando em consideração que o número de
funcionários da educação é sempre muito volumoso. Os contratos temporários são
“coronelisticamente” usados para barganhas eleitoreiras, além de “economias”
com impostos e demais gastos quando o servidor não é efetivo.
Muitas SEDUC’s
(Secretarias de Educação) Brasil à dentro, eliminam os contratos maliciosamente
dias antes do fechamento da folha de pagamento no fim do ano, para com isso não
terem que pagar o último salário integral (acima ou abaixo do piso), o que mexe também com o décimo
terceiro, onde nesse processo, as férias desses profissionais podem ser literalmente
uma furada. Sem vínculo, eles ficam a humilhante espera de mais um ano letivo, este que "começa e não começa" em fevereiro, nem para os contratos, nem para os
estudantes. O regime de contratação não é feito a tempo de o professor
entrar em ação no primeiro dia de aula. Resultantes da falta de vontade, de
competência do poder público dos municípios e estados, essa “volta às aulas”, pode ser em mais ou menos tempo.
Segundo: como falei
sobre as escolas particulares, onde em parte delas (as mais baratas e menos elitizadas), as aulas só voltam de fato
depois do carnaval. Contudo, quando passa o período momesco, o ritmo das particulares segue
freneticamente, pausando só em ano de copa do mundo (como bons brasileiros). Os pais estão pagando e
querem ver resultados, filhos aprovados nas melhores instituições de ensino
superior, paradoxalmente as federais, estaduais, públicas, aos demais, as privadas pelo PROUNI. Os professores são empregados, nesse
sistema tem que render, ou então estão fora, por isso o cabresto pode trazer melhores desempenhos, o que não é tão complicado com turmas de ensino médio, cujo os estudantes tem em casa, a lei da meritocracia melhor definida pelos pais.
Já nas públicas, os
efetivos, parte deles, não ligam tanto para compromisso ou "missão", ou para garantir uma renda decente, tem que
multiplicar a carga horária, em escolas diferentes, o que pelo desgaste,
inviabiliza uma qualidade didática. Estes acabam faltando muito, por não
adequação de horários, ou mesmo por doenças adquiridas nessa “vida louca”.
Assim, o docente de escola pública, mesmo o contratado pode ser levado a faltar
também, menos que o efetivo é claro, mas nesse ambiente nada producente, anti-didático cognitivo, carregado de riscos e insalubridades, quando
a falta não é física, é mental, até espiritual em sala de aula.
Terceiro: Professores
sabem dar aula (nem sempre e nem todos), mas não sabem falar de política, papel
singular dos que tem as disciplinas de história, sociologia, filosofia, com
toda a gama de pejorativos e estigmas degradantes e deturpadores, que enfim
derrubam discursos mais preparados a defesa da classe e da educação nacional.
A falta de maturidade,
habilidade e formação política dos trabalhadores da educação em suas
organizações sindicais ou partidárias, interferem diretamente na vida
escolar. As aulas têm várias voltas, depois das férias e depois das greves (inúmeras). Um
direito legítimo, conseguido a base de muito sangue na grande história da
humanidade que é a da luta dos povos contra seus opressores, pode ser
desqualificado e sabiamente usado pelos governos que jogam a população contra
os grevistas.
As vezes, por questões eminentemente políticas entre direções, suas oposições de sindicatos e governos, situações que urgem greve não são consideradas e em outras menos graves, faz-se logo alertas de estado de greve. Não é surpresa que a greve em muitos estabelecimentos escolares tenha um tom de folga, de descanso para alguns professores, quando justamente deve ser o contrário, o sentido do combate para se ganhar a guerra e assim a paz de não precisar mais ir a campos de
batalha, ao menos por um bom tempo, e não a cada seis meses ou de ano em ano. Quando da volta, depois de semanas, meses parados, há que se pagar aulas em finais de semana, em períodos culturalmente tidos como férias, de modo que assim, nada volta de fato e da forma que deveria ser.
Quarto: não acordamos
enquanto povo historicamente oprimido e explorado. Somente levantamos
assustados no meio da noite. Revoltados, estamos mais atentos para a corrupção,
má aplicação do dinheiro público, arrecadado de exorbitantes impostos, nossa
péssima segurança, saúde doente terminal. O “despertar” que vimos em julho de
2012, assim como as aulas, também não volta, ainda não colocamos de fato, a
educação como primeira e essencial pauta de lutas para uma revolução real neste
país.
Estamos nessa
inércia antológica, não vemos nas escolas públicas, grêmios, estudantes e pais
irem às ruas, nas portas das secretarias pedirem explicações ou exigirem um
retorno das aulas digno, em certos casos, que os secretários de governos chamam
de pontuais, as faltas (temporárias/eternas) de transportes escolares, de
merenda, de livros (com recursos já previstos, até já comprados), fora a falta
de professores já mencionada nos primeiros dias, semanas e até meses do ano
letivo, não provocam a fúria dos diretamente afetados, consequentemente, não há
interesse da nossa mídia, quando não omissa em parceria com o estado, é
anti-jornalistica já que julga tais pautas como perda de tempo, recursos e
audiência.
Vivemos em um país que
elege professores como coitados e jogadores de futebol como parlamentares,
estes sim são heróis, dividindo espaço no nosso Olimpo com os big brothers e cantores pop's. Os
melhores estudantes querem tantas coisas, menos serem professores, o estudante brasileiro
não lê mais de um livro por ano, muitos chegam ao final do ensino médio
contando nos dedos da mão esquerda do Lula. Praticamente metade da população é
semialfabetizada ou analfabeta.
Vivemos na última
década um notável crescimento das vagas e do acesso aos bancos escolares, da
educação básica, técnica e superior, mas nem de longe, há uma relação
proporcional com a qualidade. Nossas melhores universidades não estão entre as
cem melhores do mundo, ensino, pesquisa e extensão harmônicos são raridades, são ainda pequenos investimentos na educação, produção científica. Os IDEB's contradizem os altos níveis de aprovação nas escolas, números ao sabor dos governos. Nossas avaliações internacionais como a do PISA, nos
afundam, jogam nossa educação para bem aquém de países cujo Brasil está bem além no aspecto econômico bruto.
Trecho de última entrevista de Paulo Freire.
Para completar, temos
copa do mundo, olimpíadas e bilhões de reais para as mesmas, o que soa no
mínimo um capricho dos nossos governantes, pois não temos hospitais, escolas,
segurança, vias publicas, rodovias, aeroportos nos padrões FIFA. Para este país
dar certo, temos uma saída, esta que tem uma placa em letreiros garrafais
dizendo: EDUCAÇÃO. Como Paulo Freire na década de 80 disse em entrevista,
cansado, mas não descrente de sua utopia, disse que queria ver o Brasil das
marchas, dos sem terra, dos sem teto, dos sem segurança, dos sem afeto, dos sem
liberdades, sem emprego, sem renda, dos sem educação, dos mal educados, mas bem
vivos para dizer ao governo quem é que manda em quê e quem.
Assim, o problema
não está na volta das aulas que não volta, e sim, na volta das aulas sem
sentido de voltarem, para ser mero e mau cumprimento da lei, da sua volta sem
sua permanência e progresso. Quando é que essa volta
será acompanhada da educação que vem para ficar e crescer no Brasil? Quando as
marchas mencionadas por Freire serem também uma constante, e por essas, as
aulas darem um tempo, pela greve construtiva e legitima, pela luta que se faz
diariamente e pelo país que não pode voltar a ser o que nunca foi. Não um país
de “voltar”, mas um país de “ser”, ainda no presente, continuadamente pelo futuro.